A dor das despedidas: viver longe de quem amamos

O final do verão é, para muitas pessoas, sinónimo de despedidas. Pais que ficam quando os filhos partem para estudar, famílias separadas pelo trabalho, pessoas que emigram à procura de novas oportunidades, experiências ou que decidem recomeçar a vida noutro local.

E, embora não seja uma perda definitiva, dói.
Dói não ter o abraço quando se chega a casa do trabalho.
Dói não partilhar a mesa ao domingo.
Dói não estar presente em aniversários ou no Natal.
Dói não ter a presença de quem amamos todos os dias.

E é a ausência destas pequenas grandes coisas que custa mais.

Escrevo-te isto porque também eu passo por esta dificuldade na primeira pessoa.
Uma pessoa de quem gosto muito vive na Suíça e sei bem como é difícil lidar com a saudade, com a ausência, com a falta dos seus risos genuínos.

E apesar de não existirem soluções mágicas nem estratégias universais, porque cada caso é um caso, quero partilhar convosco o que, no meu caso e a ciência mostra, que faz a diferença:

  1. Ter sempre a próxima viagem marcada
    Quer seja para a pessoa vir visitar-me, quer seja para eu ir lá (e quem me dera poder ir mais vezes). Prefiro abdicar de outras férias e estar com ela. Nem penso duas vezes ao tomar essa decisão.
  2. Desligar completamente quando estamos juntos
    São poucos dias ao longo do ano, por isso, nesses momentos, o trabalho da clínica e das redes sociais fica reservado apenas para situações urgentes. O resto pode esperar.
  3. Usar as videochamadas e os grupos como um apoio precioso
    Antes, só víamos quem estava longe quando vinham visitar-nos. Hoje, com um clique, conseguimos partilhar um pouco da nossa vida à distância. Também um grupo de família ou de amigos no WhatsApp, para partilha de momentos e notícias, aproxima-nos mais do que parece.
  4. Sentir paz por saber que a pessoa está bem
    Apesar da distância, sei que encontrou novas oportunidades, outras formas de viver, que continua, de verdade, a ser feliz. E isso, também me deixa feliz.

Claro que nada disto substitui a presença física. Mas ajuda a sentir que, apesar da distância, continuamos próximos e ligados.

Por último, quero deixar-te uma mensagem importante: se também passas por isto, é normal que haja períodos em que te sintas mais triste, mais só ou até desmotivado ou desmotivada. Mesmo que a escolha de partir tenha sido tua. Sentir saudade é normal. A saudade é uma grande prova de amor.

Por isso, se também estás a viver uma despedida, lembra-te: não estás sozinho.
A saudade dói, mas também nos recorda a sorte que temos por ter alguém que faz tanta falta.

Com carinho, Pedro